Pr. Florêncio Nunes Neto (in memoriam)

Pr. Florêncio Nunes Neto (in memoriam)
Ex-presidente da Cimadec


Período na Presidência: 2017 – 2020


Filho de Valdemar Nunes da Silva e Maria São Pedro Moreira Nunes, Florêncio Nunes Neto nasceu no dia 3 de maio de 1968, em Fortaleza (CE), e viveu sua infância e juventude na cidade de Pentecoste (CE), a 89 quilômetros da Capital. Não veio ao mundo em berço evangélico, mas sua conversão se deu logo na adolescência.

Aos 14 anos de idade foi visitar uma igreja na Capital cearense (localizada na Rua Silva Paulet, bairro Meireles), em um dia sábado, 19 de junho de 1982. Nesse dia, aquela igreja recebia um pastor convidado norte-americano, acompanhado de um tradutor, e a ministração da palavra foi sobre “Cristo na cruz do calvário”. Nesta mesma noite se converteu e o convidaram a estar presente na Escola Bíblica Dominical (EBD), que seria no dia seguinte; ele compareceu e ficou maravilhado com a obra de Deus, sentindo paixão pelo trabalho da EBD.

O início da sua trajetória na fé não foi fácil. Seus pais não aceitaram a sua conversão e passaram a persegui-lo, a ponto de solicitar que se retirasse da sua própria casa. Passou a morar com outras pessoas, inicialmente com pastores evangélicos e, depois, com amigos em uma república. Mas, mesmo diante das adversidades, continuou perseverante na fé e foi batizado, descendo às águas no dia 30 de dezembro de 1984. Anos depois seus pais se converteram a Cristo.

Ainda jovem, passou a se dedicar a oração em busca da presença de Deus. Exatamente no dia 31 de dezembro de 1985, a caminho do círculo de oração, surgiu uma discussão na rua e um rapaz envolvido na contenda o agrediu com uma tapa no rosto. Neto Nunes não revidou, agiu com mansidão, de acordo com os ensinamentos do mestre Jesus, e, neste mesmo dia foi agraciado com o batismo no Espírito Santo.

Após o batismo no Espírito Santo, Neto Nunes começou a evangelizar dentro de um presídio de Fortaleza. Passou a sentir o trabalhar de Deus em sua vida, ganhou motivação e autoridade para propagar o evangelho. Sentia-se revestido do poder do Altíssimo. O trabalho de evangelização na penitenciária era com jovens presidiários, todas as sextas-feiras, à tarde. Mesmo em dias em que o presídio não abria para visitações, ele era autorizado a entrar para ministrar a palavra de Deus aos detentos. E foi dessa forma que deu seus primeiros passos ministeriais.

Uma das características de Neto Nunes era fazer amizades com pessoas de idades mais avançadas, mais experientes, e ele dizia que isso sempre deu muito certo em sua vida, pois adquiria sabedoria. A prova disso é que os aprendizados e suas atitudes fizeram com que ainda muito jovem fosse chamado a auxiliar na obra de Deus. Nessa época, servia em Pentecoste, no ministério do pastor Carlos Tavares. Foi esse mesmo pastor que criou a versão “Neto Nunes” do seu nome, para que não fosse confundido com outros “Netos” que também participavam do coral da igreja na época. Para identificar os “Netos”, o pastor Carlos Tavares os chamava pelo sobrenome.

Florêncio Neto Nunes casou aos 19 anos de idade, com Josilene Domingos de Castro Nunes, no dia 23 de dezembro de 1987, na cidade de Pentecoste (CE). Dessa união nasceram os filhos Israel de Castro Nunes, Valdemar Nunes da Silva Neto (conhecido como Netinho) e Karullyny Stfany de Castro Nunes Reis.

Em seguimento a trajetória eclesiástica, para ser consagrado a diácono foi colocado à prova por seu pastor, na época, que o convidou para a cerimônia de consagração, que seria realizada na Capital, e marcou um local para apanhá-lo e seguirem viagem. Neto Nunes se aprontou e foi para o lugar combinado, mas o seu pastor fez que não o viu, passou por ele e não o apanhou. Porém, Neto Nunes pensando que seu pastor não o tinha visto, pegou um transporte e viajou por conta própria, sozinho mesmo, de Pentecoste a Fortaleza. Passou na prova e foi consagrado ao diaconato no dia 18 de dezembro de 1989.

Serviu como diácono durante 11 anos até ser consagrado presbítero, no dia 9 de maio de 2000, na Assembleia de Deus do bairro Parque Potira, em Caucaia (CE). Nessa igreja, foi pastoreado pelo Pr. Raimundo Nobre e, posteriormente, pelo Pr. Eliseu Nobre. De lá saiu, ainda em 2000, como presbítero, para dirigir a Assembleia de Deus Mondumbim, situada em bairro da periferia de Fortaleza. Nesse período fez um programa de rádio sobre a palavra de Deus durante dois anos. A consagração à evangelista ocorreu no dia 6 de outubro de 2001; e a consagração a pastor no dia 14 de dezembro de 2003.

A Assembleia de Deus Mondumbim passou a ser Assembleia de Deus Fortaleza, onde o pastor Neto Nunes exerceu o cargo de presidente até 2020, atuando na propagação do evangelho através de 22 igrejas filiadas. Antes de integrar o Ministério Fortaleza, o pastor havia feito parte do Ministério Bela Vista das Assembleias de Deus no Ceará.

Na vida profissional, trabalhou como vendedor na empresa M. Dias Branco, em Fortaleza. Possuía licenciatura em Filosofia e cursava pós-graduação em Gestão Pública. Na formação pastoral era bacharel em Teologia, tendo colado grau em 28 de agosto de 2012, pela Faculdade Kurius, e além de desempenhar o lado religioso, também tinha envolvimento político. Em sua trajetória política cristã atuou como presidente do Conselho Político da Convenção de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus Ministério de Fortaleza no Estado do Ceará (Cimadec); presidente do Conselho Político da União de Ministros das Assembleias de Deus do Nordeste (Umadene); e vice-presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). O pastor Neto Nunes acreditava que se pode fazer muito pelas pessoas através da política, elegendo pessoas do bem para definir o destino da nação, estado ou município. Chegou a se candidatar a prefeito de Fortaleza em 2008, pelo Partido Social Cristão (PSC), obtendo 22.874 votos, ficando na quinta colocação entre nove candidatos. A campanha dele ficou marcada pelo o slogan “Vai dar tudo certo”.

Chegou à presidência da Cimadec em 2017, sendo o quarto presidente da Convenção desde a fundação, em 2001. Era o pastor mais jovem da diretoria. Antes de presidir a mesa diretora, ocupou os cargos de 1º tesoureiro (2002-2008), 3º vice-presidente (2009-2012), 2º vice-presidente (2013-2016) chegando a presidente, segundo ele, pela misericórdia de Deus. O dirigente da Cimadec que o antecedeu, pastor Maurino Pinheiro, quando decidiu se jubilar indicou o pastor Neto Nunes para substituí-lo, já que o mesmo integrava a mesa diretora há anos. Mas, para assumir o cargo, o Pr. Neto precisava ter a certeza de que era o escolhido de Deus para exercer tal função e orou para que o Senhor o confirmasse. A resposta veio através de uma irmã, que não sabia sobre o assunto, e profetizou dizendo: “Deus está te dizendo que tú é o escolhido”; e a confirmação foi dada quando se anunciou chapa única para eleições da Cimadec. Ele acreditava que tudo dava certo em sua vida porque sempre colocou a vontade de Deus em primeiro lugar.

Como presidente da convenção, esteve à frente dos trabalhos por dois biênios, 2017-2018 e 2019-2020, atuando em 140 dos 184 municípios cearenses, faltando alcançar 44 cidades do estado. Entre os importantes serviços prestados à Cimadec, estão: 1) Publicação do Estatuto, Regimento Interno e Código de Ética da Cimadec (2019); 2) Criação do Conselho Estadual da Juventude das Assembleias de Deus (2019); 3) E propagação do movimento nacional de oração “Vida para o Brasil” em todo o Nordeste brasileiro, uma campanha encabeçada pelo pastor Ronaldo Nogueira de Oliveira, que já atuou nos cargos políticos de Ministro do Trabalho do presidente Michel Temer, deputado federal (presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados) e presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).

O pastor e político Florêncio Neto Nunes partiu para a eternidade no dia 18 de maio de 2020, aos 52 anos de idade, acometido pela Covid-19, após passar alguns dias internado no Hospital de Campanha Leonardo da Vinci, em Fortaleza, durante a pandemia do novo coronavírus. A sua partida comoveu as comunidades evangélica e política.

Juçara Araújo
Jornalista